Vergonha, culpa e medo:

uma análise comparativa das emoções do ponto de vista político

Resumo

O medo, a culpa e a vergonha são consideradas pelo discurso ocidental contemporâneo como emoções negativas, uma vez que são entendidos como uma reação quase instintiva inerente à condição humana. No entanto, autores como Sara Ahmed e Pedro Moscoso-Flores se propõem a repensar e a tensionar as concepções cotidianas que se constituem em torno dessas emoções. Nessa forma de problematização, as emoções são lidas como meio de explicar as formas de organização humana, vistas como dispositivos classificatórios cujo propósito é pensar a subjetivação política por meio da ressignificação dos fenômenos sociais que estão associados ao medo, à culpa e à vergonha, entendendo-os. Como um nó articulador da subjetividade contemporânea em torno dos modos de organização política.

O objetivo deste artigo é propor uma discussão teórico-crítica comparativa que contribua para o diálogo teórico que existe sobre o posicionamento das emoções nos processos de subjetivação no contexto sociopolítico e de governança das sociedades globais contemporâneas na perspectiva destes dois autores. Este estudo comparativo permitirá dar conta de uma dimensão discursiva das paixões que costumam se deslocar - consciente e inconscientemente - de posições subjetivas politicamente determinadas pelo Estado para posicionar o sujeito e, assim, perpetuar sua participação ativa nos processos políticos e sociais.